sábado, 24 de setembro de 2011

A Infidelidade de Jasão e a vingança de Medeia.

Esta é uma história de juras de amor, traição, ciúmes, profunda decepção e amargura com a vida. Uma história que nos revela os desvãos da alma humana.

Tudo começou há muito e muito tempo quando o famoso herói Jasão ficou sabendo, ainda jovem, que ele era herdeiro do trono da cidade de Iolco, tomada por seu tio Pélias.

Jasão fora treinado desde a infância pelo centauro Quíron (uma criatura meio homem, meio cavalo). Já adulto, Jasão era forte, veloz e destemido. Invejado pelos homens e desejado pelas mulheres. A missão do herói era reaver o trono daquele reinado, que lhe pertencia por direito e estava nas mãos do usurpador.

Ao chegar a Iolco, Jasão foi logo reivindicar o reino. Pélias, então, lhe fez uma pergunta:

— Quem é digno de ocupar o trono? Jasão deu uma resposta estranha:

— Aquele que trouxer o Tosão de ouro.

Ora, pegar o carneiro com lã de ouro seria uma árdua tarefa. Para começar, Jasão teria que navegar para outra cidade, Cólquida. O desafio exigiu o chamado de 50 outros heróis: os Argonautas, assim denominados porque a nau chamava-se Argos.

Jasão embarcou com seus companheiros em uma aventura cheia de perigos. Após uma longa jornada chegaram ao seu destino e foram recebidos pelo rei Eetes, que tinha uma bela e astuciosa filha: Medéia.

Não é demais dizer que o rei não gostou nem da presença e muito menos das intenções de Jasão e os Argonautas, principalmente quanto ao intento de pegar o Tosão de ouro. Tentando impedir a realização do feito, de modo dissimulado, Eetes impôs uma condição: Jasão teria que vencer duas provas para sair da Cólquida com a lã de ouro. A primeira era domar dois touros que tinham os cascos de bronze; a segunda, usá-los para arar um campo e semear os dentes de um dragão. É aí que entra Medeia.

Apaixonada ao ver Jasão pela primeira vez, a princesa esperou a manhã do dia seguinte e revelou os planos malévolos de seu pai: da venta dos touros saiam fogo e do campo a ser arado surgiriam infinitos guerreiros. Jasão não teria chance alguma. Para os touros, Medéia preparou ungüentos que os afugentariam. Quanto aos guerreiros, bastaria Jasão usar da artimanha de jogar uma pedra no meio deles e pronto. Os guerreiros iriam lutar uns contra os outros para pegar a pedra.

Jasão ficou muito impressionado com a presteza da princesa, afinal, ela estava traindo o próprio pai. Em troca, o herói prometeu cumprir o pedido de Medeia: casar-se com ela e levá-la para a Grécia. Amor à primeira vista.

Jasão conseguiu vencer os touros e os guerreiros. Também com a ajuda de Medeia, pegou o carneiro com lã de ouro. Embarcaram, desta vez com a princesa a bordo, enfrentando toda sorte de perigos (em que o papel de Medeia foi decisivo) e retornaram para Iolco.

Jasão conquistou o trono, mas não por muito tempo. Ele e Medeia foram exilados e tiveram que se refugiar em Corinto, cidade grega. Viveram felizes durante dez anos, na corte do rei Creonte. Tiveram dois filhos, mas Jasão vivia atormentado com o fato de que nenhum deles poderia se tornar rei, pois Medeia não era grega e na Grécia antiga ninguém que não fosse puro heleno ocupava o trono.

Tomado pela ganância e vaidade, Jasão decide assumir definitivamente o seu escondido relacionamento com Glauce, filha de Creonte, princesa de Corinto. Só uma grega poderia lhe dar filhos de sangue grego.

Apenas as palavras de Eurípedes para descrever o sofrimento de Medeia: “Agora tudo lhe é odioso, e aborrece-a o que mais ama [...]. Jaz sem comer, o corpo abandonado à dor, consumindo nas lágrimas todo o tempo, desde que se sentiu injuriada pelo marido, sem erguer os olhos, sem desviar o rosto do chão. Como uma rocha ou uma onda no mar, assim escuta os amigos, quando a aconselham.” [1]

Por que o homem que ela amou à primeira vista, por quem abandonou a pátria e traiu o próprio pai, rei Eetes, fez o que fez? Na Grécia, para uma mulher estrangeira, com filhos e sem um pai, o destino era o exílio e consequentemente a penúria. Além da dor por ter perdido o grande amor, da vergonha pela traição, Medeia teria que sair da Grécia. Pior ainda: não poderia mais voltar para sua terra natal, a Cólquida, onde salvou a vida de Jasão e lhe permitiu pegar o Tosão de ouro. Estava condenada à mendicância. Como iria sustentar os filhos? O rei Creonte decretou o exílio de Medeia, a despeito das comoventes súplicas da mulher traída. Foi humilhada pelo rei, agora sogro de Jasão. Gritava inconsolável Medeia:

Ai! Desgraçada de mim e dos meus males. Ai, ai de mim, que fim será o meu?[2]

Ai! Ai! O fogo do céu me trespasse a cabeça. De que vale ainda viver? Ai, ai! Quem me dera deixar a vida odiosa, pela morte libertada![3]

Os lamentos da princesa da Cólquida são constantes ao longo da narrativa. Eurípedes traduz com perfeição o estado emocional desestabilizado e a decepção terrivelmente amarga de Medeia. Um estado tão grande de desgosto, que a pobre mulher só sente vontade de viver por um motivo: vingar-se de Jasão, Glauce e Creonte.

Jasão retorna ao lar, não para acalentar Medeia, mas para convencê-la de que a melhor coisa é sair da Grécia, o que a deixa ainda mais furiosa. O diálogo que se segue entre os dois na obra de Eurípedes é dramático[4]. Ela o ironiza, o maldiz, chama-o de “bandido dos bandidos” e, em um dos pontos mais importantes da psicologia do traído: cobra a conta por anos de dedicação e reclama por ter recebido em troca desprezo. Eis o traço fundamental do universo emocional de alguém traído: o dano exige alguma forma de reparação, mesmo que seja apenas na fantasia, isto é, imaginar que o traidor também tenha prejuízos.

Certamente que a condição de Medeia pode ser traduzida usando os versos da música “Atrás da porta”, de Chico Buarque[5]:

Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me vingar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Só pra mostrar que ainda sou tua.

É curioso que a tragédia grega retrate a dor da traição feminina e não da masculina. O comportamento de Jasão é tipicamente próprio do homem que trai. Do ponto de vista masculino, a traição não parece ser revestida deste drama do abandono, tão bem ilustrado por Eurípedes e Chico Buarque. Há um momento em que Jasão diz: “[...] ainda que tu me odeies, jamais eu seria capaz de te querer mal.” [6] Porém, em outra passagem, Medeia, adorando pelo avesso, diz: “Odeia-me. Também eu detesto o azedume da tua voz.” [7]

As palavras ditas por Jasão, citadas no parágrafo anterior, representam a versão antiga da expressão contemporânea: “vamos terminar, mas seremos bons amigos.” Nada mais agressivo para uma mulher traída. Ao que tudo indica as reações masculinas e femininas, quanto a traição, parecem ser vividas de modos bem distintos. Jasão não vê drama algum, ao passo que Medeia deseja a morte. A experiência da perda amorosa por traição, a troca feito mercadoria, é intensa e indelével no universo feminino e encarada de maneira muito diferente para os homens (na condição de traído ou traidor). Há um momento em que Medeia pergunta para Jasão: “Crês que isso é pequena calamidade para uma mulher?” Eis uma questão que vale a pena ser pensada: como o abandono é encarado por homens e mulheres? Aparentemente, a mágoa acompanha por mais tempo a mulher abandonada do que o homem abandonado.

O texto original de Eurípedes também é claro em outro aspecto: nada da vingança de Medeia foi por impulso. De fato ela fica cega para o mundo inteiro, como se o amor fosse o meio pelo qual Medeia pudesse enxergar a vida em si. Era o amor o que fazia aquela mulher ver significado na vida; ver, por assim dizer, as cores da existência. Nada mais. Não há momentos de desespero ao longo da peça, o que é intrigante. Sem dúvida nenhuma podemos afirmar que a fúria ardilosa de Medeia (bem como a sua notória ânsia de vingança), estava intimamente ligada com a frustração de ter investido tanto naquele amor, arcando com renúncias e custos altíssimos, tais como: a perda do laço afetivo com o pai, o abandono da terra natal, dispor suas habilidades e préstimos a um homem que, no entanto, lhe pagou com a torpe traição, vergonha e humilhação. Medeia calcula passo a passo a sua meticulosa e traiçoeira vingança. Logo, não há na tragédia o que hoje chamamos de “crime passional”.

Após um monólogo interessante em que Medeia apresenta em detalhes o seu macabro plano[8], a princesa termina proferindo duras palavras e expressando uma determinação espantosa e ao mesmo tempo clara em suas intenções:

Vamos. De que me vale viver? Não tenho pátria, não tenho casa, não tenho refúgio para esta calamidade. Errei uma vez, quando abandonei a casa paterna, confiada nas palavras de um grego, que, com a ajuda do deus, sofrerá a nossa justiça. Porque não tornará a ver com vida doravante os filhos que de mim teve, nem gerará nenhum da noiva recém-casada, porque será forçoso que essa má tenha má morte com os meus venenos. Ninguém me suponha fraca e débil, nem sossegada; outro é o meu caráter: dura para os inimigos, benévola para os amigos. Porque de tais pessoas a vida é gloriossíssima.” [9]

O alvo da vingança de Medéia é Jasão e Glauce (pela traição) e Creonte (por ter decretado o exílio), mas porque os “filhos adorados” têm que morrer? Responde Medeia: “Nada morderá mais rijo no coração de meu marido.” [10] Está aí a representação grega, em seu formato mais extremado, claro, do sentimento avassalador que acompanha os amantes traídos: a necessidade irascível de reparação. Isso parece dizer que o amor é uma forma de contrato. Talvez seja mesmo difícil, na vida real, que alguém passe tanto tempo se dedicando ao amado (a) e, sabendo-se traído (a), não manifeste cobrança e a conseqüente exigência de reparação ao dano, em uma medida inferior ao extremo narrado na tragédia, eu insisto[11].

O plano de Medeia começa a se concretizar: ela manda a empregada chamar Jasão, sob o pretexto de pedir desculpas. “Rogo-te, Jasão, que perdoe-me as minhas palavras.” — diz Medeia. O que se segue é um dos mais emblemáticos episódios de dissimulação da literatura ocidental! Medeia convence Jasão em não exilar os filhos e, ele próprio, cuidar da criação das crianças. Pede ainda, em sinal de bom grado, que permita que os filhos levem ao palácio real alguns presentes (adereços de ouro) para a noiva, Glauce.

Os presentes (contendo veneno) foram dados e os filhos trazidos de volta para se despedirem da mãe. Medeia hesita em matá-los. Indecisa, digladia-se com sentimentos conflitantes: o amor materno e a desmedida ânsia de vingança. Neste momento, surge o mensageiro com a notícia da morte de Glaucia e Creonte: “um espetáculo pavoroso”. Segue-se o desfecho: Medeia mata os filhos e os oferece em um banquete para Jasão, que os come sem saber. Quando Medeia revela o conteúdo do banquete (e toda trama friamente calculada), só resta a Jasão o desespero: “Ai de mim, que a boca querida dos filhos eu queria, desgraçado, agora beijar.” Será que o sofrimento de Jasão foi suficiente para saciar a vingança de Medeia? Ela responde: “Não chores ainda; aguarde a velhice...

Será, então, a ânsia de vingança decorrente da dor da perda amorosa por traição, algo deveras imperecível? O que nos torna humanos?

Paulo Henrique Castro


[1] Eurípedes. Medeia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 4ª. Edição, 2008; p. 45.

[2] Idem, p. 49.

[3] Idem, p. 51.

[4] Leia os versos entre 445-625.

[5] Além da música “Atrás da porta”, Chico Buarque, junto com Paulo Pontes, escreveram uma peça baseada na tragédia de Eurípedes: “Gota d’água” (também o nome de uma música de Chico que se aplica a Medeia).

[6] Verso 460.

[7] Verso 1370.

[8] Entre os versos 765-810.

[9] Idem, p. 79-80.

[10] Idem, p. 80.

[11] Na vida real, algo de similar ocorreu no famoso caso da “Fera da Penha”, no Rio de Janeiro, envolvendo amor, ciúmes, traição, vingança e assassinato de uma menina.

domingo, 4 de setembro de 2011

A vida pode ser uma obra de arte? Considerações sobre a estética da existência.

A palavra ‘estética’ foi criada por Alexander Baungarten (1714-1762), para designar a área de conhecimento filosófico que teria como objeto de estudo as faculdades sensitivas humanas em relação ao ato de captar a beleza, o belo e as formas artísticas[1]. ‘Estética’, assim, tornou-se um termo usado para designar uma parte especifica da filosofia que estuda o belo e a arte.
Acontece que Baungarten não inventou o termo por acaso. O filósofo alemão serviu-se de modo intencional do prefixo grego αϊσθη- (aisté), que forma um amplo conjunto de palavras em grego, destinadas a designar as atividades próprias dos órgãos dos sentidos humanos (tato, paladar, audição, olfato e visão). Por exemplo, αϊσθησις (aistésis) quer dizer:
(1) Sensação: [a] a totalidade de informações sensíveis que mobiliza afetos e emoções; [b] qualquer elemento sensorial específico.
(2) Sentido: [a] faculdade de sentir, sofrer alterações sensoriais; particípio passado do verbo sentir; [b] a recepção das sensações e a consciência das sensações; [c] sinônimo de sensação ou conjunto de sensações; [d] faculdade de perceber uma modalidade específica de sensações (calor, ondas sonoras, sabor, textura etc.), que correspondem a um órgão determinado, cuja estimulação da início ao processo interno da recepção sensorial; [e] o próprio órgão dos sentidos, o receptor.
Outro exemplo é o substantivo αϊσθήριον (aistérion), que quer dizer “sensório”: [a] relativo à sensibilidade (faculdade de receber informações sobre as mudanças no meio interno e externo); [b] o órgão dos sentidos, o centro de recepção das sensações; próprio para a transmissão de sensações. Por fim, outra palavra grega da mesma família fonética e semântica, αίσθητός (aistétos), que pode ser traduzida pelo termo “sensível”, isto é: [a] aquilo que tem a capacidade de sentir; [b] aquilo que pode ser percebido pelos sentidos; [c] quem tem a capacidade de compartilhar as emoções alheias ou de simpatizar.
Pois bem. Do exposto, podemos inferir que Baugarten não usou a palavra ‘estética’ de modo fortuito. O filósofo tinha em mente a idéia de que as obras de arte e a própria criação artística são provocações, exercícios e explorações do tato, da audição, do paladar, do olfato, da visão, em uma só palavra: do corpo. A arte é provocação dos sentidos; portanto, das emoções. É na arte que o corpo é revirado, contorcido, forçado a expurgos e explosões. Penso, por exemplo, no filme do cineasta francês Louis Malle (1932-1985), “Perdas e Danos”, e só o que me vem ao corpo (não só à cabeça) é o poder desestabilizador de uma paixão, do convite contraditório daquilo que é proibido, das pedras que carregamos nas costas sem pedir, das conseqüências dos atos impensados (“impensados”, porque são apenas sentidos). Do que é feita a vida? A “doce vida” (Felline).
A estética funda a própria existência humana: ver, não é somente ver formas e figuras, mas, sim, ver paisagens; cheirar, não é somente “captar propriedades que têm certos corpos de emanar partículas voláteis capazes de afetar os órgãos olfativos”, mas, sim, perceber o cheiro de um filho que já se foi, impregnado nas roupas deixadas no armário; tocar, não é somente “identificar informações sobre textura, consistência, peso e temperatura de um corpo”, mas, sim, acariciar; ouvir, não é somente “captar pelos órgãos da audição uma vibração que se propaga no meio elástico com uma dada freqüência”, mas, sim, se emocionar com uma música ou uma simples declaração de amor; por fim, o paladar não é somente “a função de captar e identificar gostos pela língua e transmiti-los pelos nervos gustativos até o cérebro”, mas, sim, o degustar de sabores. Assim, o ser humano está condenado a perceber o mundo de forma quase encantada. Tal qual um quadro representa algo (que pode ser belo, feio ou sublime), as representações mentais que começam com a experiência sensorial, são retratos arrebatadores da vida.
Acresce o seguinte: “estética” quer dizer que o mundo nos afeta. Essa, entretanto, não é uma idéia nova. O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976), descreveu esse fenômeno no § 29 de sua obra fundamental (“Ser e Tempo”). Heidegger designou essa condição humana de sempre estar afetado de Befindlichkeit (“tonalidade afetiva”; “sentimento de situação”; “disposição”), isto é, o homem é o único ente que está em condição de ser afetado pelos outros entes que vem ao seu encontro no mundo. Isso significa dizer que o ser humano não é apático (a própria apatia já é uma forma de não ser apático); estamos sempre em sintonia com o mundo, disposto, afetado. Daí Heidegger escolher termos que nos permitissem compreender a nós mesmos como criaturas que imprimem tonalidade ao que é percebido. Os acontecimentos não são, na analítica existencial de Heidegger, fatos brutos, eventos dados. O homem é “ser-no-mundo” (In-der-welt-sein) e, desse modo, a existência uma categoria estética. Por isso que a morte nos assusta: ela põe em relevo a beleza da vida que nos será arrancada sem licença. A vida tem essa grandiloquência que as antigas tragédias gregas imortalizaram (leia ou veja a Trilogia Tebana, de Sófocles). O trágico é essa percepção de que vivemos como em uma gangorra, entre a felicidade e a infelicidade.
Pensando na filosofia de Heidegger, Michel Foucault (1926-1984) disse certa vez: “por que uma luminária e uma casa podem ser uma obra de arte e a vida não?” Será tal questão um convite para que você faça da sua vida algo de sublime? Certamente que ficar em casa assistindo Faustão, esperando que a sorte caia no seu colo, não parece uma opção artística. E a diferença de gostos? Ah, os gostos! Quase ia me esquecendo. “Gosto não se discute”, vão dizer os defensores petrificados do Domingão. Então raciocinemos: é claro que a indagação de Foucault possui um caráter político (interpretando a pergunta no contexto da obra do filósofo francês). Sim, gosto não se discute. Mas quem disse que a liberdade é uma questão de gosto? Quem tem coragem de dizer que a vida pode ser bela na escravidão? Para ficar mais claro, expresso a indagação de Foucault com um trecho de uma música dos Mutantes:
Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Eis o fato: a liberdade é sublime (“sublime” é uma categoria estética acima do belo). Portanto, viver livre é o extremo da obra de arte.
Paulo Henrique Castro.

[1] Cf. Lalande, 2001.